Páginas

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Alimentos light, diet, magros: valerão estes alimentos a pena?


(crónica de Célia Dias Lopes)

Light, diet, magro são alguns dos rótulos aos quais uma dieta não poderá escapar.

Quando vamos ao supermercado encontramos uma variedade enorme de produtos dessas categorias tornando uma ida ao supermercado numa experiência algo complexa.

Todos os dias somos bombardeados com publicidade que nos deixa num misto de desconfiança e ceticismo. Levando-nos a pensar que estes produtos poderão ser resposta a todos os nossos problemas… “o fim daquele pneu” ou a solução para vestir “aquela roupa” que está há meses ou anos no guarda-roupa. 

Afinal, o que são exatamente estes produtos e qual a diferença entre eles?

A primeira ideia que nos vem à cabeça é que são alimentos que poderiam ser consumidos livremente.  Mas como vamos poder perceber não é verdade.

O que são alimentos diet?

O termo diet é usado em alimentos nos quais existe restrição ou isenção de algum nutriente específico, como glúten, açúcar, gordura, sódio ou colesterol. Estes produtos destinam-se a quem tenha alguma limitação nutricional específica, como acontece no caso de diabéticos, hipertensos, entre outros. 

Por essa razão, esses produtos são considerados pelo Ministério da Saúde como “alimentos para fins especiais”. Para que um alimento seja considerado diet, algum nutriente é retirado ou reduzido a 5%.

Ainda assim, o facto de determinado alimento não conter um certo nutriente na sua composição não significa que apresente obrigatoriamente uma redução significativa de calorias.

Vejamos: uma manteiga sem sal é um produto diet, mas nem por isso é menos calórica do que a manteiga normal, visto que a única restrição que tem é a isenção de sódio. Um chocolate diet “sem açúcar” contém frutose na sua composição, mas o seu valor calórico é muito próximo ao do chocolate tradicional, uma vez que a frutose tem o mesmo valor calórico que o açúcar. 

Então e os alimentos light?

A designação light é usada para os alimentos que sofreram uma redução de, no mínimo, 25% de um determinado nutriente ou de calorias, quando comparados com os originais.

Regra geral, as pessoas associam a ideia de produtos light à estética e não à disfunção de saúde. 

Além disso, a diminuição de algum nutriente pode ocasionar a adição de outro para manter a consistência e sabor.

Apesar da redução de alguns nutrientes, nem sempre a substituição de um alimento convencional por um light é a melhor opção para quem procura a perda de peso. É importante que aquele consumidor que deseja emagrecer avalie atentamente os rótulos, pois, como dito anteriormente, a redução pode não ocorrer no valor calórico de maneira significativa. Além disso, alguns produtos light apresentam uma redução que se compara à de produtos convencionais de outras marcas, sendo necessário avaliar outros produtos.

Qual é, então, o principal problema dos produtos light?

É a mensagem publicitária que é transmitida. Por exemplo a gelatina light nunca teve gordura, aparece na embalagem “o% de gordura”, mas esse facto não retira os excessivos 20% de açúcar que possui em muitos casos.

Muitos produtos podem ser light e diet simultaneamente e consumidos tanto por quem tem necessidades nutricionais específicas, como por quem procura controlar o peso.

É importante reter que deve utilizar os produtos light da mesma forma que utilizaria na sua versão original.

E os magros?

Os produtos magros são aqueles que têm menor teor de gordura quando comparados com o produto original. É mais comum encontrar nos lacticínios. Estes alimentos são muitas vezes a escolha acertada porque a única alteração que sofrem é uma diminuição da matéria gorda e consequentemente uma redução calórica.

Assim a escolha de produtos light, magros ou diet deve ser sempre criteriosa. Aprender a ler o rotulo dos alimentos é fundamental para identificar as suas reais necessidades e fazer as escolhas mais acertadas.

Uma vez aprendido, não se deixará levar por publicidade enganosa.

Célia Dias Lopes é dietista. 
Licenciada em Dietética desde 1997 e pós-graduada em Saúde, Aconselhamento e Tendências de Consumo, ambos pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.
Sócio-gerente da empresa NutriCuida Consultoria e Nutrição, Lda.
É formadora e consultora na área da nutrição. Autora de inúmeras comunicações em congressos.
Autora do Livro " a e i o u da dieta saudável do doente em hemodiálise".
Membro da Associação Portuguesa de Dietistas e da Ordem dos Nutricionistas.

Sem comentários:

Enviar um comentário