(crónica de Sofia Loureiro)
Dia 25 de novembro é desde 1999 a
data escolhida pela ONU, para alertar e sensibilizar as pessoas, as comunidades
e toda a sociedade, para uma das piores e persistentes formas de violência em
todo o mundo – a exercida sobre raparigas e mulheres. Estima-se que uma em cada
três pessoas do sexo feminino sejam vítimas de uma qualquer forma de violência.
Englobam-se aqui todas as formas
de violência, desde os maus tratos e agressões físicas, psicológicas,
económicas, sexuais, mas também culturais e estruturais. Discriminações e
crenças que permitem que ainda hoje metade da população mundial, seja em grande
parte sujeita a inúmeras formas de desrespeito pelos mais variados direitos
humanos.
No desporto como é que isto se
manifesta? Sobre várias formas de discriminação e desrespeito pelo princípio da
igualdade. Quando a muitas raparigas e mulheres em todo o mundo, lhes continua
a ser negada ou dificultada de forma subtil, a oportunidade de mostrar o seu
mérito como atletas ou em qualquer profissão ligada ao desporto. Alguns
exemplos… o caso das raparigas/mulheres que tentam singrar no desporto
associado ao sexo masculino, nomeadamente no futebol e no boxe? Como
treinadoras? Na arbitragem? Nas direções dos clubes desportivos? Nas
federações?
Mas mesmo as raparigas e mulheres
que vão conseguindo singrar nas suas modalidades, as vitórias alcançadas são geralmente
menos valorizadas pois ainda competem num meio onde os homens têm um maior
protagonismo, vencimentos mais altos (quando existem…) e prémios mais elevados.
Também os media dão muito menor visibilidade às competições femininas e de
forma mais grave ainda no que respeita aos atletas paraolímpicos, mas isso
ficará para uma outra crónica. É claro que felizmente tem havido algumas
mudanças e muito se tem feito no panorama local, nacional e internacional, mas
até se atingir a plena igualdade de direitos, de oportunidades e de resultados
há um longo caminho a percorrer. A discriminação revela-se e manifesta-se hoje
em dia nas baixas taxas de participação das raparigas e mulheres no desporto em
geral, mas em principalmente em determinadas modalidades ainda dominadas pelos
estereótipos de género. As mulheres têm sérias dificuldades em projetar e
construir uma carreira desportiva a que se dediquem exclusivamente e cabe a
cada um/a de nós pensar e agir para que estas mudanças sejam mais ágeis e mais
efetivas. Aproveite estes dias… para começar a fazer diferente.
Sofia Loureiro
Psicóloga Clínica
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto
Pós graduada em Psicoterapia Comportamental e Cognitiva
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